quarta-feira, 12 de setembro de 2012

VÍTIMAS

                    
 Seis corpos vítimas da chacina na Baixada Fluminense. Quem matou? Quem é o real culpado? Quem sabe? Não interessa! O culpado pode ser eu, pode ser você, pode ser quem for. Mas a verdade é uma só: somos vítimas de chacinas diariamente, intensamente, copiosamente. Somos vítimas de uma entressafra catastrófica por excesso de contingência, somos vítimas de um desgaste fatal, imoral, desumano. Somos vítimas de um fator social, racial, tropical, desleal. Também nos fazemos de vítimas quando vitimamos e hostilizamos os seis corpos da chacina na Baixada Fluminense. As vítimas somos nós! Dirá um deputado acusado no escândalo do mensalão ao ver sua desgraça exposta em praça pública logo silenciada nos tribunais da corrupção ou alguém que, num breve futuro, ao ver sua luz ser apagada gritar sua última misericórdia num muro qualquer.Outro dirá: morreu? Mais um...
 Seis corpos vítimas...será mais uma ilustração de TV? Ou a sociedade não vê que, enquanto o mundo de dentro sofre calado somos vítimas do fator consumado que de nada mais nos serve. Talvez sirva de lição: - Ah! Essas vítimas de chacina, agora aprenderam a lição! Não creio... Talvez sirva de inspiração e a violência retoma seu fluxo necessário, sua rotina em notícias de jornal, e olhamos a desventura em cada esquina e em cada esquina o mundo segue mais marginal, mais resignado.
 Seis corpos vítimas e perdemos a capacidade de espanto, de dar acalanto, de perdoar, de olhar o sofrimento de frente e encarar, de refletir, de diálogo ativo, prático, de pensar em soluções pacíficas e não apelar ao ódio contra o ódio. Seis vítimas... Dirá um oficial soberano: é culpa do descaminho, um efeito-correção de um desafortunado, de um mundano, que veio ao mundo por engano. Que se matem! Dirá outro e assim vão se vitimando... Cada batalha com seu ego, cada lápis com seu caderno, cada prego em seu martelo, cada qual com seu umbigo e para o crime só há um castigo: o divino.
 Seis corpos e o destino da nação se mistura á argamassa escura de vidas em construção, andando sem direção, na contramão de tudo que transcende em corpo, água, vida, emoção, luta, alma, anseio, paixão. Seis corpos trazem á tona a reflexão: por que não dar educação? Não essa educação caduca, doente que traz no seu âmago um padrão demente, que afasta, que vicia, que traz no seu bojo uma cruel letargia, que engessa a mente pensante do aluno impondo sua arrogância de ser detentora da verdade única. Seis corpos e a cara cínica dos que governam essa clínica, esse circo sem lona, sempre á beira de um precipício, essa zona regida por um traficante e um fuzil,esse hospício,
essa vítima chamada Brasil. 

8 comentários:

Flávia True disse...

A morte se tornou mera estatística. Seis a menos ontem, dez a menos amanhã... Cara de espanto de milhares seguido de um suspiro aliviado por não ter sido com ninguém de seu convívio. Mas até quando? rs
Parabéns pelo texto. =) Beijo.

Christiane Andade disse...

Após realizar esta leitura, me peguei refletindo sobre qual o nosso papel nesta realidade. Acredito que somos responsáveis pelo o que acontece no mundo, quando escolhemos certos representantes políticos, quando nos ausentamos da educação e construção de valores de quem ainda está em desenvolvimento físico, emocional e espiritual.
Como diz Paulo Freire tudo o que ocorre em nossa volta é consequência das nossas atitudes, mesmo que isso não nos atinja diretamente, mas certamente em algum momento transmutaremos as dificuldades, pensamentos e isto nos dará força e subsídios necessários para lidar e desenvolver projetos que realmente atendam a esta demanda ou as nossas demandas.
Realmente temos muito trabalho pela frente, mas se cada um começar a repensar sobre sua postura referente a sociedade, mudar o olhar em relação ao outro, talvez se colocar no lugar do outro para compreender certos comportamentos, já teremos grandes avanços.
Talvez pensarmos em planejamentos e propostas que realmente sejam eficazes e não mais projetos para "inglês" ver.

Eis o desabafo de uma sonhadora.

Unknown disse...

Esse texto é muito forte e expressa a mais pura realidade do Brasil. Não é nada fácil mudar esse cenário.
Crianças nascem em famílias desestruturadas e crescem desamparadas... Sem amor, sem carinho, sem respeito, sem valores, sem educação, sem saúde, sem moradia, sem limites, sem oportunidades, sem dignidade... Se tornam pessoas sem escrúpulos. O pior é que isso vira um círculo vicioso... Como mudar essa triste realidade?

Unknown disse...

Esse texto é muito forte e expressa a mais pura realidade do Brasil. Não é nada fácil mudar esse cenário.
Crianças nascem em famílias desestruturadas e crescem desamparadas... Sem amor, sem carinho, sem respeito, sem valores, sem educação, sem saúde, sem moradia, sem limites, sem oportunidades, sem dignidade... Se tornam pessoas sem escrúpulos. O pior é que isso vira um círculo vicioso... Como mudar essa triste realidade?

VITOR PESSOA disse...

Flavia True, Chris Andrade e Maria Fernanda : excelentes comentarios!estou atras dessas respostas também! mas não podemos parar de questionar...o negócio é não desistir! podemos mudar sim, nosso dever é elucidar! vamos fazendo nossa parte! muito obrigado pelos comentarios!

Unknown disse...

Ninguém muda o mundo se não consegue primeiramente mudar a si mesmo ...A morte não é nada gentil, ela é obscura, sombria até onde a vista alcança e, só depois da morte se dá a junção das manchetes de TV, até quando vamos tapar o sol com a peneira ? É lei da ação e reação, tudo o que ocorre em nossa volta é reflexo do que já foi plantado e
Nunca vamos deixar de pensar nas crianças que será o fufuro deste nosso pais

Forte Abraço a Todos.

Fernando Beltrame

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
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