quarta-feira, 29 de abril de 2015

Relatos Selvagens




Nada é o que parece:
o vôo tranqüilo, os olhares ardentes,
as bocas sensuais, imorais, atraentes
de repente a queda, o grilo
o incomodo, o modess
dramas absorventes...
o suor escorre
no rosto, um impasse
resumiu forte enlace
a lágrima e o sangue
a prece e o disfarce
vida de ex-bumerangue:
mulher que se humilha
rasgados teus sonhos,
jorrados teus gritos,
teus berros medonhos
ativa e passiva conclui, vingativa
o seu carnaval
 a traição e a paixão galopante
em cenas de filme nacional:
-Chama a Glorinha
aquela vaca infame
dá um calmante pra ela
sei a diferença entre o cará e o inhame
já tenho tudo no meu nome
 vais virar alvo de piada,
como de costume
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Assim é a vida
os risos e guizos
carecem de um pouquinho de ciúme
de um teatrinho barato
e mais fantasia:
um carinho, um maltrato
um cinismo, um contrato
e a imagem ( no alto )
da Virgem Maria
uma dose de xilocaína
e um tapa-na-cara na face molhadinha
a lua-de-mel
o dedo no anel
a manteguinha no anel e o cuspe-santo moscatel
que absurdo!
misericórdia...
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O crime veio na pele
de um sujeito cabeçudo
o charuto do advogado
botou cinza
no fatídico
eis o plano de um Quasimodo:
servir de papel ao Bruno cagaço
encagaçando
qualquer novinha no pedaço
a ordem: deixá-las amarradonas,
com um ar de monstrinho fatal,
na sua prega de ex-rainha do mal
e ( provavelmente ) fugir
com algum deputado
pra uma ilha de paraíso fiscal
gravar trilha de comercial
da Atroveran
com cannabis na cuca
 e bolero de Satã
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Somos seres corruptos
desviando propina
aos valeriodutos
somos elementares
bancando ministros
e parlamentares
assassinos em missões
jesuíticas
omissos no crime do
remix do Latino
a bunda da Anitta
provoca ereções eremitas
daqui dá pra ver os covardes
rechaçando evidencias
no esgoto central
Caguei seus otários:
nos relatos selvagens
já foi contemplada
a melhor
delação premiada.