quinta-feira, 26 de novembro de 2009


o povo de são mateus


da série diplomacia I




"o Arnesto nos convidou ,prum samba e ele mora no brás,nós fomos ,não encontremos ninguem..."sabe por quê? porque o povo de são mateus depois de uma verdadeira via-sacra na jardineira do manuel,um tremendo pau-de-arara da época,resolveu levar o Arnesto pra comemorar o aniversário de São paulo no Jaçanã,alegando aquele papo de trem das onze e coisa e tal,embora munidos de violões e cavacos,tamboras e barricas juraram que não tinha nada a ver com samba,que era só folia e cachaça,mas o Ernesto(como é o seu verdadeiro nome que o Adoniram quis deixar mais "musical")caiu dentro,até a rádio patrulha baixar o cacete e acabar com a festa.


Enquanto a "voz da colina",a "voz amiga que cruza os céus de Piratininga' denunciava a balbúrdia por aqui e reivindicava pelo transporte,pela saúde,educação e o escambau,o espírito do cidadão mateuense sempre foi de luta e diplomacia e não tinha esse negócio de esperar tempo bom não,se hoje a tecnologia facilitou a comunicação estabelecendo uma urgência quase autoritária,naquele tempo,era outro ritmo,os romanticos mandavam mensagens em garrafas pelo córrego caaguaçú,pelo cipoaba...chegava em um mês ,mas chegava...telefone?nem pensar minha leitorinha,era na base do tarzã mesmo.transporte?era puro osso...até o nildo gregório da silva,grande defensor,vinha de são miguel e enfrentava quase 6 horas de percurso,sendo obrigado,é claro, a vir morar por aqui e com tamanho empenho iniciar a abertura de ruas em 46,mas isso é outra história...mesmo com o advento da guerra fria,isso mesmo,entre Vera e Carrãozinho(simultaneo ao USAxURSS),o cidadão,ou melhor ,o verdadeiro povo de São Mateus,não quem só mora,mas quem vive,sem querer puxar brasa,sempre foi diplomata,mais que José bonifácio de andrada e silva,Graça aranha e Vinicius de morais juntos.


explico:desde o século xx,meados da década de 40,tudo era uma imensa fazenda,a fazenda rio das pedras,até que a familia bei(Mateo e Salvador bei)recém-chegados da Itália,devidamente recepcionados pelos Maifrey,compra metade dos lotes(uma gleba com mais de 50 alqueires),vende com sucesso originando o bairro de são mateus.teve até missa,isso mesmo,de ação de graças,com bispo e tudo,sem falar no povo do santo,da curimba,pelas matas fazendo oferendas,agradecendo por esse pedaço de chão abençoado.Nessa época transitava-se tranquilamente por esa imensa fazenda,por esse imenso mutirão,independente de raças ,credos e tendências politicas.até que,com o passar dos anos,as coisas mudaram,o mundo mudou,e sabe como é né?anos 80,nosso bairro cresceu,pintou a rapaziada do vapor,as máquinas meio descontroladas,restando pro pessoal que batia uma bola e fazia um pagode,a imunidade,e olha que o big"broxa"nem sonhava em existir nessa época.


O trãnsito livre em todas as jurisdições revela bem a nossa malandragem,o nosso clima,o povo de São mateus é expansivo e receptvo,quem vive aqui percebe a linhagem do povo de cada quebrada,do vera cruz ao colonial,do tietê ao rafael,do vila flávia ao promorar.embora com a mesma pulsação,existem diferenças sutis,quase imperceptíveis,que formam a nossa personalidade,personalidade forte essa que desde o tempo do adoniram já exportávamos suingue com diplomacia.


Acho que vem daí a nossa herança,o povo do Adoniram deve ter desculpado o coitado do arnesto depois de saber que foi o noso povo brejeiro(com direito a saideira no emporio do eustáquio)que levou ele pro mal (o bom) caminho.


Mas ele devia ter deixado um recado na porta.


vitor pessoa