novamente primavera
(primavera de um desejo)
o meu desejo
se abriu á sede
ao abio do néctar lascivo
o meu desejo
se conteve ao grito
ao atrito de um ranger passivo
o meu desejo
é como a cica
dos cajus que adornei sereno
meu desejo
é quase ameno
com sol á pino fez-me quarador
e segurei a dor
até o momento que ela me habitava
lutar não mais podia
lutar...a luta não vencia
e foi assim
que a dor me amava...
o meu desejo
rodou nas águas
fez-se um furacão
o meu desejo
fez de um beijo
prece,sem perdão
o meu desejo
partiu porque me havia febre
e a lebre está contida no patê
o meu desejo
tem fé no que crê
e virou meu próprio dossiê
o meu desejo
tem razões tão certas pra sonhar
mil defeitos pra se envergonhar
o meu desejo
tem tempo pra pensar
e eu confio na resolução do tempo!
o meu desejo
sempre se entregou ao vento
eu aceito seu jeito sua busca seu intento
até o inverno passar e chegar nova era...
um rebento nasce:
-é primavera!
vitor pessoa